Reflexões

31/05/2020

O DOBRO DE TUDO

Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuía (Jó 42:10).

A decisão divina de conceder a Jó o dobro de tudo quanto antes possuía, toma o leitor da Bíblia de surpresa tanto pelo caráter da recuperação total, quanto pela rapidez como Deus age em seu favor.

Era necessário que fosse assim, porque após a perda dos bens, dos filhos, dos amigos, do amor da esposa e da saúde física e emocional, Jó ficou aos pedaços.

Em princípio, Jó recuperou o relacionamento com os familiares e amigos, os quais estavam separados pela tragédia e sofrimento.

Em meio à dor, ele se queixava de desprezo e repulsa: O meu hálito é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe…  Todos os meus amigos íntimos me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim (Jó 19:17,20).

Felizmente, este tempo tinha ficado no passado, porque agora havia recuperado o amor, a simpatia e a comunhão com parentes e amigos. Eis o relato das novas relações e dos novos tempos: Então, vieram a ele todos os seus amigos e todas as suas irmãs e todos quantos dantes o conheceram e comeram com ele em sua casa e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro (Jó 42:11).

Agora percebe-se que além da recuperação das amizades, Jó também começava a recuperar as finanças, pois todos os visitantes também lhe deram dinheiro. Qual o valor recebido pelo patriarca? O que deu para comprar com os valores recebidos? Usou o dinheiro para recuperar sua fazenda e animais? A pergunta é procedente porque logo há a informação de que o patriarca veio a ter um rebanho dobrado: 14.000 ovelhas, 6.000 camelos, 1.000 juntas de bois e 1.000 jumentas (Jó 42:12). Esses números confirmam a multiplicação por dois do seu rebanho anterior, que era de 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de bois e 500 jumentas (Jó 1:3).

Na nova fase, Jó também teve outros sete filhos e três filhas (Jó 42:13). Como antes da desventura ele tinha sete filhos e três filhas, então o número de seus filhos foi duplicado, chegando a um total de 20, sendo que 10 estavam no céu e outros 10 sobre a terra. Certos estudiosos se perguntam: com quem o patriarca teve a nova família? Provavelmente foi com a mesma mulher, já que não há qualquer informação sobre a morte da esposa ou sobre um novo casamento. Para tanto, fica evidente que ele também recuperara o amor da esposa, que anteriormente se mostrara desesperada com a morte dos filhos, dos servos, a perda dos bens e com o sofrimento do marido.

O princípio da duplicidade também foi aplicado à longevidade do patriarca? Se foi, ele devia ter 70 anos quando a tormenta teve início. Ao morrer aos 140 anos, teria recebido outros 70 para desfrutar das bênçãos que havia recuperado (Jó 12:16).

A história de Jó revela como Deus é generoso em galardoar a fidelidade de seus servos. Recompensa semelhante a de Jó é prometida aos que dão ofertas (Lc 6:38); aos que são diligentes no uso dos talentos (Mt 25:21,24); e aos que deixam tudo para servir a Cristo e sua causa (Mc 10:30). Estes últimos receberão cêntuplo e não apenas o dobro de tudo.

A maravilhosa história de superação e de final feliz de Jó enche de esperança os que estão mergulhados em problemas financeiros graves, em falência, desemprego, dívidas ou extrema pobreza, dentre outras aflições da vida.  Nessas horas, é preciso confiar que os planos e o poder de Deus são maiores que nossas dores e que se for a vontade de Deus, poderá mudar o quadro num instante.  Como fez com Jó.

Pr. Antônio Paulo de Oliveira (In Memória)
Pr. da Igreja Batista Regular do Bairro Assunção em São Bernardo do Campo-SP

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