É bem certo que você já fez alguma coisa boa e ouviu alguém dizer: Continue assim! É uma palavra de ânimo que indica que o que você fez é bom e continuará sendo bom caso você não pare com a ação.
Eu mesma já ouvi muitas vezes essa palavra, porém não significa que todas as vezes segui o conselho e, nessas vezes que não segui, parei de fazer algo bom. Eu parei de fazer um trabalho que Deus tinha me confiado, especialmente o de alcançar crianças com o evangelho e dar alimento espiritual para aquelas já convertidas.
DEIXANDO DE FAZER O QUE É BOM
O que me levou a parar um bom trabalho, na maioria das vezes, foi uma atitude humana e pecadora da minha parte. Vou especificar uma situação recente:
Tudo estava andando na mesma velocidade, com as muitas correrias que temos, com os muitos compromissos que agendamos, com mesma a vontade de alcançar mais crianças e recrutar mais adultos evangelistas. Porém, neste ano de 2020, fomos surpreendidos com a mudança de rotina repentina devido à situação da saúde no mundo todo. Eu não sei como foi para você, mas para mim foi como mudar “da água para o vinho”. Foi como uma estranha férias fora do tempo, uma oportunidade de estudar mais, uma chance de estar mais com a família e fazer coisas do tipo “quando eu tiver mais tempo, farei isso”. Cada um teve uma visão diferente dos primeiros dias.
Enfim, esgotou-se meu repertório, minha rotina não voltava ao normal e eu pensava: muitos estão numa situação pior que eu. Era um consolo momentâneo, mas não me satisfazia e nem me norteava. Meus pensamentos nunca desistiram de voltar-se para o Senhor e busquei me fortalecer na Sua Palavra e na oração. O que me faltava no pensamento era: como estão as crianças? E, então, percebi: Eu parei de fazer o ministério que eu estava fazendo por causa das circunstâncias, mas não significava que eu não podia fazer.
O ISOLAMENTO SOCIAL É MESMO UM IMPEDIMENTO?
O cenário de isolamento social, fisicamente falando, levou-me a valorizar o contato virtual e aproveitar oportunidades que eu estava perdendo. Onde estavam as crianças? O que elas estavam fazendo? O que estavam aprendendo da Palavra? Será que os pais precisavam de alguma ajuda que eu poderia oferecer? Por acaso, as crianças não estavam sentindo falta das tias e dos tios que as ensinavam nas classes? Todo o vasto conteúdo de ensino bíblico online estava chegando até elas?
Foi um acordar para a realidade que só Deus faz nessas horas. Posso falar que cheguei ao ponto do desânimo antes de pensar nessas perguntas. Contudo, fui lembrada das palavras de Paulo aos coríntios “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados…” (2 Coríntios 4:8) e soube que essa atitude não caberia a mim, como filha de Deus, nutrir e continuar nela. Como o apóstolo mesmo disse, no versículo anterior, somos como “esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (v. 7) Portanto, precisamos de mais encorajamento que este para voltar e continuar a boa obra que estávamos fazendo antes? Depois de cair em mim mesma, voltei à razão do meu trabalho aqui na terra, antes que o Senhor Jesus volte para buscar a Sua igreja: pregar o evangelho a toda criatura (pequena)!
CONTINUE FAZENDO O BEM, SIM!
Voltando às minhas perguntas, fui buscar as respostas. Fui telefonar para as crianças, suas mães e suas avós para saber como estavam. Pasmem: elas estavam com saudades da classe! Tudo bem que não era de se admirar tanto assim, por causa do tempo que já tinha passado sem classes. Porém, fui recebida com tanta alegria no coração de cada uma – todas com muita vontade de ter contato. Que oportunidade! Comecei a enviar pequenos vídeos para as crianças com histórias que reforçavam ensinos bíblicos. Não demorou uma semana sequer para eu receber palavras de encorajamento das mães. Que alegria! E uma delas ainda disse: “Continue assim!” E das crianças recebi os áudios: “Tia, gostei demais da história de hoje. Manda mais! Manda mais!”
Graças a Deus, pelo Seu maravilhoso poder, que usa este pequeno vaso de barro para continuar tocando diretamente a vida das crianças. Uma atitude tão simples, pequena e invisível a olhos de muitos, mas para Deus não, que coloca em frágeis vasos de barro o grande tesouro: o Senhor Jesus Cristo e a Sua Salvação.
Essa foi uma das lições que aprendi nesses dias atribulados que enfrentamos neste ano. Mais difíceis para alguns que para outros, porém a obra do Senhor e a urgência de salvação continuam com a mesma ordem: Continuem a pregar o evangelho! E se você não está fazendo, mas está parado, comece!
VASOS DE BARRO PARA DIAS ATRIBULADOS
Outros tempos turbulentos poderão vir sobre a vida das pessoas na face da terra, de forma igual ou diferente para cada um. Como será a sua atitude diante das dificuldades, mudança de rotina, exigência de uns, críticas destrutivas de outros, desentendimentos, doença, finanças baixas e, sem menosprezar, investidas de satanás? “Continuaremos assim” a fazer a obra? Ou vamos perder o foco, deixar as crianças e as suas necessidades espirituais de lado?
Examinando as Escrituras, descobrimos uma lista exaustiva de homens e mulheres cujo exemplo nos inspiram a continuar o trabalho do Senhor, com fé, mesmo diante das dificuldades. Desafio você a buscar quem são eles. Há uma lista maravilhosa em Hebreus 11, que estou seguindo, e estudando de modo especial nestes dias.
De uma forma ou outra, que eu e você estejamos dispostos a ouvir e a seguir o conselho: CONTINUE FAZENDO O BEM, SIM! Acima de tudo para glorificar a Deus!
Carleni Araújo – Missionária da APEC
Responsável pelo campo da APEC no Estado do Mato Grosso